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Muda regra para estágio e intercâmbio de estrangeiro: Burocracia e prazo para concessão de visto aumentaram, dizem especialistas.

Até setembro do ano passado, tanto para fazer estágio como para atuar temporariamente, estrangeiros tinham de obter visto de trabalho.

"[Nos dois casos,] era preciso autorização do MTE [Ministério do Trabalho e Emprego]", . Agora, alunos e recém-formados que vêm fazer intercâmbio profissional têm tratamentos diferenciados.

Os primeiros entram com visto de estudante. Devem estar matriculados em uma instituição de ensino brasileira, o que não era exigido antes. Já os intercambistas profissionais precisam de visto de trabalho.

Além disso, desde março deste ano, não são mais eles que dão entrada na papelada em consulados no exterior, mas a empresa à qual estarão vinculados durante a estada no Brasil -o que pode atrasar o processo.

O Conselho Nacional de Imigração também passou a exigir que os empregadores arquem com encargos sociais, como 13º salário e férias. Os profissionais precisarão de carteira de trabalho.

DIFICULDADE

O tempo para obter o visto de estudante, segundo o Ministério das Relações Exteriores, varia conforme o consulado do país em que é solicitado. No caso de intercambistas, a expectativa atual de tempo de concessão do visto é de 15 dias, segundo o Conselho Nacional de Imigração.

O estudante português Raoul François Martin, 25, levou três meses para obter o visto para estagiar no Ifesp (Instituto de Estudos Franceses e Europeus), em São Paulo.Ele diz não ter se importado com a demora. Pós-graduando em marketing pela Inseec Paris, escola de negócios francesa, escolheu o Brasil pelas oportunidades: "É o maior país da América Latina e o que mais cresce".

Na opinião de Carla Alcides, diretora do MBA Executivo da Universidade de Pittsburgh na América Latina, as resoluções, embora aumentem a burocracia, não dificultam a entrada dos jovens. "O que mais pesa é o idioma."

INTERNACIONALIZAÇÃO

Ao trazer estudantes estrangeiros, as empresas buscam "resolver o problema de falta de mão de obra qualificada", cita Alexandrine Brami, diretora do Ifesp. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, as novas regras podem ajudar no processo de internacionalização das instituições de ensino.

"Quando universidades abrem vagas para estrangeiros, espera-se a mesma abertura para brasileiros", afirma Adnei de Andrade, vice-reitor-executivo de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo).


Fonte: Folha de São Paulo, por Camila Mendonça, 01.08.2011